Com o Xbox One X, a Microsoft começou a mudar a sua imagem nos videojogos. Marcada negativamente pelo lançamento do Xbox One, mais cara (d...
Com o Xbox One X, a Microsoft começou a mudar a sua imagem nos videojogos. Marcada negativamente pelo lançamento do Xbox One, mais cara (devido à inclusão do Kinect em todas as unidades) e com pior desempenho do que o PS4, o início da geração anterior foi radicalmente diferente da era da Xbox 360, em que a Microsoft mostrou uma enorme pujança e capacidade de fazer frente ao PlayStation. Agora, três anos mais tarde, o lançamento do Xbox Series X dá continuidade à obra que se iniciou com o Xbox One X.
A Microsoft quer ter a console mais poderosa do mercado e oferecer aos jogadores o melhor lugar para jogar, mesmo que isso signifique quebrar todas as convenções associadas aos consoles. A disfunção é a estratégia principal da Microsoft. Enquanto a Sony e a Nintendo continuam muito agarradas ao conceito de exclusividade e à venda individual dos seus jogos, a Microsoft optou pela direção oposta para conquistar os jogadores. Começou a disponibilizar todos os seus jogos para PC (alguns até chegaram à Nintendo Switch), criou e apostou no Xbox Game Pass (que pelo preço de um novo jogo, tens acesso anual garantido a mais de uma centena de jogos), reforçou a retro compatibilidade, e praticamente obrigou as suas concorrentes a cederem ao cross-play entre consoles.
"A disfunção é a estratégia principal da Microsoft"
Enquanto isso, adquiriu um grande leque de estúdios. Começou por estúdios como a Ninja Theory, Playground Games, Undead Labs e acabou por comprar a Bethesda, uma das maiores editoras de videojogos. A Microsoft está com fulgor e vontade de conquistar a indústria dos videojogos e todo esse desejo foi transplantado para a Xbox Series X. O console é o tanque de guerra da Microsoft, pronto para enfrentar os seus concorrentes.
Mais do que uma caixa preta
Esta nova filosofia adoptada pela Microsoft foi incutida na Xbox Series X, desde o hardware ao software. O próprio design da Xbox Series X pode ser interpretado como um símbolo da nova linha de pensamento da Microsoft. É descomplicado, direto e prático. A consola é surpreendentemente compacta para o poder que esconde e encaixa facilmente em qualquer sítio, de pé ou deitada. A consola existe para servir o utilizador, não destoando com a mobília ou decoração do espaço. Simultaneamente, é extremamente silenciosa (e contrariamente aos rumores, aquece um pouco, mas nunca excessivamente). Não fosse o brilhante símbolo da Xbox que acende quando o console está ligado e passaria completamente despercebida.
Mais do que nunca, os consolas estão próximas do PC e a novo console da Microsoft está ainda mais próximo. Para que conste, isto é altamente positivo. Em outrora, uma nova geração de consoles significava quase sempre começar de novo. Todos os jogos que tinhas comprado anteriormente não funcionavam, nem os acessórios. Não havia qualquer tipo de continuidade. Para todos os efeitos, a transição para a Xbox Series X é fácil, sem qualquer stress. Ultimamente, joguei sempre os novos jogos da Microsoft no PC, como Forza Horizon 4, Gears 5 e Sea of Thieves. Quando comecei a usar a Xbox Series X, bastou-me aceder à minha biblioteca de jogos, instalar o que queria e começar a jogar sem qualquer perda de progresso.
"A transição para a Xbox Series X é fácil, sem qualquer stress"
Esta transição não é novidade - a Microsoft já tinha adoptado o cross-buy e cross-save desde a Xbox One X - mas é agradável chegar a um novo console sem sentir que alguma coisa ficou para trás. Nisto, a Xbox Series X é o console que mais respeita o utilizador, oferecendo retro compatibilidade com a Xbox One, Xbox 360 e Xbox. São quatro gerações de jogos numa consola só, em que podes jogar títulos que compraste há mais dez anos, por exemplo. Posso pegar na minha cópia de Skate, Bayonetta ou Lost Odyssey para a Xbox 360 e desfrutar dos jogos na Xbox Series X - isto não é possível na PlayStation 5, por exemplo, que só tem retro compatibilidade com títulos da PlayStation 4.
4K, 120 Hz, VRR, Smart Delivery, Ray Tracing ... isto tudo serve para quê?
A nova geração de consoles traz também novos termos e os utilizadores casuais podem ficar confusos com o significativo e utilidade de cada. A Xbox Series X tem tudo aquilo referido no subtítulo. Volto a dizer, a Microsoft quer criar o melhor sítio para jogar e todas estas tecnologias e funcionalidades servem para isso. O 4K é possivelmente o termo mais familiar para todos - é a resolução a que correm os jogos (e para que conste, o 4K tem quatro vezes mais resolução que 1080p, confere na imagem a seguir). Quanto aos restantes termos, é melhor fazer uma lista:
- Ray Tracing - Técnica de renderização que simula o trajeto dos raios de luz, resultando em iluminação mais realista e reflexos perfeitos;
- VRR (Variable Refresh Rate) - Taxa de atualização variada, em que o número de imagens geradas pela televisão a cada segundo correspondem à mesma quantidade de imagens gerada pela console, resultando em menor latência e mais fluidez;
- Smart Delivery - Funcionalidade do Xbox Series X (e Series S), que garante jogos optimizados para a Xbox Series X e Series S;
- 120 Hz - Taxa de atualização do ecrã, neste caso, a capacidade para gerar 120 imagens por segundo;
Há que explicar que algumas destas novidades estão dependentes da televisão onde vais jogar. Nem todas as televisões têm suporte para VRR (o equivalente ao Nvidia G-Sync e AMD FreeSync) e muitas menos conseguem uma taxa de actualização de 120 Hz. Dito isto, a consola está obviamente preparada para o futuro. Haverá cada vez mais televisões com estas tecnologias e mais jogadores poderão jogar a 120 FPS (nota: para jogar a 120 FPS precisas de uma televisão de 120 Hz, mas o próprio jogo tem de ter suporte para isso - confere a lista).
A possibilidade de jogar a 120 FPS não vem sem compromissos. Cada caso é um caso, mas no geral os jogos precisam de baixar a resolução (deixando de correr nativamente a 4K ou perto disso) e de reduzir a qualidade visual para conseguir atingir esta taxa de fotogramas por segundo. A vantagem é uma fluidez enorme e latência altamente reduzida, o que é vantajoso para o multiplayer. Gears 5 é um dos jogos que tira proveito disto, estando optimizado para correr a 120 fps na Xbox Series X nos seus modos multiplayer. No fundo, o modo para 120 FPS acaba por ser mais uma opção para o jogador, igual à escolha entre os modos gráficos e de desempenho introduzidos pela Xbox One X e PlayStation 4 Pro.
Notas muita diferença em jogar no Xbox Series X?
Existe diferença, mas de momento o salto comparativamente à geração anterior não é gigantesco. Isto já era esperado e acontece sempre no início de uma geração, por mais poderosa que uma console seja (a Xbox Series X tem 12.15 TFLOPs de poder computacional, é a consola mais poderosa desta geração). Halo Infinite seria, supostamente, o jogo de destaque da consola no lançamento, aproveitando as suas capacidades, mas os problemas de desenvolvimento forçaram um adiamento para o próximo ano. Embora a consola tenha imensos jogos disponíveis, alguns deles já optimizados para o console - Gears 5, Forza Horizon 4, Sea of Thieves, Yakuza: Like a Dragon, entre outros - nenhum deles é um verdadeiro jogo de próxima geração.
Dito isto, já temos amostras do poder da consola. Forza Horizon 4 fica lindíssimo a correr a 4K e 60 FPS, algo que até agora apenas era possível no PC, e os reflexos perfeitos do Ray Tracing notam-se imediatamente nas poças de água do chão e na pintura polida do carro. Este nível de desempenho - por apenas 499 euros - é um excelente valor. Mas mais do que isto, há outras coisas a realçar na consola. Os ecrãs de loading, embora ainda existam, duram muito menos do que nas consolas da geração anterior. Sabe bem ligar a consola e conseguir começar a jogar muito rapidamente. A funcionalidade de Quick Resume também transforma a experiência e permite-te saltar de jogo em jogo sem passares pelos ecrãs iniciais, colocando-te no momento exacto onde ficaste da última vez.
"Este nível de desempenho - por apenas 499 euros - é um excelente valor."
Podem parecer pormenores, mas quando somados, fazem diferença na experiência. A rapidez com que a consola faz todas as tarefas deixa-te imediatamente confortável. A nova interface da consola também ajuda nisto e está mais intuitiva do que nunca, além de que te permite fazer pequenas personalizações. O botão de partilha do novo comando é igualmente bem-vindo, tornando o acto de partilhar e capturar algum momento (seja uma imagem ou clip de gameplay) muito mais fácil do que nas outras consolas Xbox.
As novidades do comando
À primeira vista o novo comando é muito parecido com o anterior, mas basta pegar nele para começar a enumerar as diferenças. O novo comando é ligeiramente mais compacto, tem pegas e gatilhos texturizados para oferecem melhor aderência e feedback, e estreia um d-pad de oito direcções (além do já referido novo botão de partilha). O novo comando transmite uma melhor sensação e solidez nos materiais escolhidos. O novo d-pad é melhor para jogos de luta, mas preferia que tivessem escolhido um material mais suave. O d-pad é duro e bastante "clicky", era preferível um material mais mole e confortável a longo prazo.
O comando continua a ser alimentado por pilhas AA e não traz um cabo USB-C para USB-A. O debate entre o que é melhor - bateria ou pilhas que podem ser facilmente substituídas - é longo. Se a Microsoft quer de facto oferecer opções aos consumidores, então incluiria uma bateria removível na caixa da consola em vez de pilhas AA que eventualmente terão que ser substituídas a custo do consumidor. É certo que podes comprar um pack de duas pilhas AA e um carregador por cerca de 15 euros, mas não deixa de ser um coisa que tens de comprar à parte.
Uma poderosa consola, com um excelente valor
A Xbox Series X é uma verdadeira máquina de jogos, desenhada para quem quer jogar 4K sem os compromissos da geração anterior. Nesta fase inicial, ainda não há nenhum jogo da consola que se destaque como um verdadeiro título de próxima geração, mas eles virão. Graças ao Xbox Game Pass, um serviço praticamente obrigatório para quem vai comprar a consola, tens imediatamente mais de uma centena de jogos disponíveis. Este serviço, aliado à capacidade de desempenho, é a maior força da consola neste momento. Novamente, a Microsoft está a jogar pelas suas próprias regras. O conceito de comprar uma nova consola e pelo menos um ou dois jogos novos faz pouco sentido na Xbox Series X quando podes subscrever o Xbox Game Pass e ter acesso a mais jogos do que consegues jogar. Ainda assim, se quiseres jogar títulos como Yakuza: Like a Dragon, Assassin's Creed: Valhalla, Watch Dogs Legion ou The Falconeer, terás que os comprar individualmente.
A Microsoft está a começar esta geração de consolas com uma forte e sólida proposta, ainda que lhe falte um título de destaque. Os rápidos loadings do SSD aliados a novas funcionalidades com o Quick Resume são mais valias para a experiência e das quais já não abdicamos. Todos os jogos que testámos - DiRT 5, Yakuza Like A Dragon, Forza Horizon 4, Gears 5, Sea of Thieves, etc - apresentaram uma excelente qualidade de imagem juntamente com um desempenho digno de uma nova consola. Indo mais além , consegue oferecer melhor desempenho em jogos retro compatíveis e aumentar a qualidade de imagem através do Auto HDR. Agora ficamos à espera de mais jogos optimizados para a consola (neste fase inicial, ainda há muitos jogos por optimizar) e dos próximos exclusivos da Microsoft como Everwild, Forza Motorsport, Halo Infinite e Fable.
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