Quando o primeiro capítulo do reboot de Tomb Raider saiu lá em 2013, a promessa era que veríamos o início de uma nova Lara Croft . De fat...
Quando o primeiro capítulo do reboot de Tomb Raider saiu lá em 2013, a promessa era que veríamos o início de uma nova Lara Croft. De fato, a protagonista mudou, mas aquele jogo era só o início de uma jornada de conhecimento da personagem. Agora, prestes a colocar as mãos no novo jogo desta nova fase da heroína, surge o questionamento: há mesmo algo para se falar sobre a origem dela? Não seria forçar a barra dizer que Lara ainda precisa aprender para virar a exploradora que conhecemos?
A resposta está em Shadow of the Tomb Raider, terceiro e último game que mostrará essa construção do mito Lara Croft.
As primeiras horas da aventura revelam um tom diferente dos jogos anteriores. Lara está sim muito mais habilidosa, forte e confiante. Ela não deve em nada à versão que conhecemos nos anos 1990, quando tanto encantou os fãs de PlayStation. Ela se esconde como um soldado, luta como um profissional de MMA e explora o ambiente como o melhor dos arqueólogos. A diferença, porém, está na mente de Lara. As responsabilidades e a forma como ela lida com as coisas é o que mostra quão inexperiente ela ainda é; e é por isso que Shadow se encaixa tão bem como o desfecho da trilogia de criação da nova Croft. As questões do game não são sobre as habilidades da personagem, mas sim sobre a evolução dela como a heroína que deve (ou não) se tornar.
Medo e suspense
Jogamos as primeiras quatro horas do game. Neste intervalo, passamos pela abertura avassaladora que nos coloca dentro de uma cidade destruída por um tsunami - fenômeno esse causado pela própria Lara. Antes de entrar novamente nos aspectos mais “pessoais” da jornada, é preciso um tempo para dizer como a Eidos Montreal (com ajuda da Crystal Dynamics) mudou a abordagem das sequências de ação. A grandiloquência das cutscenes a lá Indiana Jones e Uncharted continua intacta. Por outro lado, a ideia aqui é tornar tudo mais impactante e tenso. Não é a ação pela ação, mas sim pelo medo e horror que algumas cenas podem causar. Shadow é mais voltado ao suspense e ao horror do que qualquer outro jogo da franquia; e isso não se limita às cenas de ação.
Dentro de meia dúzia de tumbas que pudemos explorar, nota-se uma preocupação muito grande em transformar o ambiente em um personagem mortal do jogo. As paredes estão lotadas de armadilhas e os inimigos, normalmente, são mais fortes e letais que Lara. Embaixo d’água o negócio fica ainda pior (ou melhor, caso você seja afeito a enormes sessões de claustrofobia), pois o elemento do horror se mistura à exploração e ao combate. Boa parte do tempo que ficamos nadando dentro das tumbas a sensação era de desespero, a ponto de desejar uma superfície só para sair daquele lugar. Adrenalina pura, baseada no suspense. Ponto positivo para Shadow, que consegue replicar muitas das situações de seus antecessores, mas investe em novos elementos para fazer o jogador ter uma experiência diferente.
A construção da selva amazônica, em que boa parte do game se passa, é exemplo da evolução gráfica alcançada pelos desenvolvedores. Não existe nada além do comum, mas é sempre bom apreciar as paisagens que foram construídas inspiradas nas civilizações Maia, asteca e inca. Essa mistura resulta na cidade escondida da qual o roteiro do jogo inicia de verdade a aventura. Em suma, Lara aciona o apocalipse ao tirar um artefato de onde não devia. Agora, para cancelar o fim do mundo ela buscará a solução neste lugar escondido no mapa - mas procurado pela Trinity, organização que antagoniza a personagem desde o primeiro game. Já nas primeiras horas algumas surpresas se revelam, o que nos leva a assumir inúmeras mudanças ao longo da história.
Ela é o Rambo
O combate em Shadow of The Tomb Raider evoluiu em todos os aspectos. Do corpo a corpo, onde fica clara a melhoria das técnicas de Lara, até a parte do tiroteio, que funciona com certa dose de facilidade, passando pelo stealth - a melhor parte das lutas até aqui. E o motivo disso é simples: Lara Croft parece o Rambo na floresta. Sem nenhum pudor, a Eidos Montreal deu todo o poder à heroína e não poupou gráficos na hora de mostrar as finalizações.
Ainda há uma certa dose de esforço para ela conseguir eliminar alguns inimigos, mas quando o abate é feito de maneira precisa normalmente o jogador é recompensado com uma cutscene das mais violentas. Ela realmente melhorou e sabe se defender como nunca; e o jogador sente isso durante todo o gameplay. Há maneiras também de modificar roupas e armas para conseguir destrinchar as possibilidades do combate, mas de início, a sensação é que o stealth será sempre a melhor opção.
O desafio final
Existe uma mudança sensível também nas tumbas. Os desenvolvedores prometem mais puzzles do que vimos nos outros jogos e uma abordagem de multiplayer para elas também. E é neste segmento online que reside outro grande desafio de Shadow: conseguir explorar esse âmbito social desejado pela Square Enix e pela Eidos Montreal. Tudo vai partir da cidade escondida, que servirá de hub para missões principais, secundárias e desafios. Uma espécie de central de controle para a aventura como um todo.
Durante as horas que jogamos não pudemos explorar esse segmento do game, mas pelas explicações da pra entender que a linearidade que tanto fez esse reboot se destacar pode ganhar menos destaque. É cedo para dizer, mas é tranquilo assumir que existe aí uma tentativa de expansão do mapa e possibilidades da aventura de Lara. Personagens espalhados pela cidade darão missões a você e, teoricamente, aprenderemos mais sobre a mitologia de Shadow. Na prática, vemos um flerte da franquia com o mundo aberto, que ainda não há como identificar se é real ou apenas fumaça. Teremos que esperar para ver.
Ainda assim, o que fica conosco depois de algumas horas explorando as tumbas e florestas de Shadow of The Tomb Raider é que este é o jogo mais aterrorizante da franquia até aqui. Claustrofóbico e focado no suspense, esse capítulo tentará abordar o crescimento de Lara como uma pessoa em busca do próprio lugar no mundo e, por que não, da própria identidade. Partindo do pressuposto que se desafiar e olhar a morte nos olhos é o melhor jeito de virar um herói, Shadow tem o contexto perfeito para encerrar a trilogia da nova Lara. Descobriremos a verdade no final de setembro.
Shadow of the Tomb Raider sai em 14 de setembro para PC, PS4 e Xbox One.
Fonte: The Enemy
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