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Analises: Lies of P - a dor é real

 Para masoquista saborear. Lies of P da coreana Round8 Studio é o mais recente projeto inspirado pelas obras Soulslike da FromSoftware, que ...

 Para masoquista saborear.

Lies of P da coreana Round8 Studio é o mais recente projeto inspirado pelas obras Soulslike da FromSoftware, que francamente consegue um dos melhores esforços derivados dessa fórmula tão masoquista e que inesperadamente se tornou tão popular em todo o mundo. Como diz a Team Ninja da série NiOh, é ação masocore para os que aceitam enfrentar o desespero à espera que a prática consiga finalmente traduzir-se numa gloriosa vitória.



Lies of P é fortemente inspirado em Bloodborne, com uns toques de Sekiro à mistura, um jogo de altos e baixos que quando brilha consegue conquistar, mas que passa muito tempo ao lado do holofote e não consegue mostrar-te o melhor sem exigir alguma paciência. Apesar de conseguir um trabalho digno de elogios, a equipe de Lies of P claramente não consegue esconder a falta de experiência, o “savior faire” de estúdios como a FromSoftware e a Team Ninja, que há décadas nos deslumbram com a sua ação masoquista.

Isto faz de Lies of P um jogo mau? Nada disso, merece bons elogios e diria que fora das principais casas do género, é o melhor Soulslike que joguei. Fora daquelas consagradas equipes capazes de injetar exigente ação estratégica que faz disparar a adrenalina, aquelas casas de forte pedigree capaz de engendrar um maravilhoso design de níveis que te apaixona e faz não querer pousar o comando, a Round8 é das que melhores resultados conseguiu, mas faz isso ao seguir de muito perto a fórmula sem injetar muito de si, apenas a estética.


Inspirado na obra "As Aventuras de Pinóquio" de Carlo Collodi, Lies of Pi transporta-te para a cidade de Krat, mergulhada no caos com robôs descontrolados. No papel de Pinóquio, terás de encontrar Geppetto e ajudar a salvar a cidade. Pelo caminho, terás de ter cuidado com as mentiras e tentar alcançar o desejo de Pinóquio em tornar-se num rapaz humano, temática que está presente ao longo do jogo.

Com uma cidade criada como um local vindo diretamente da Belle Époque, com um toque steampunk à mistura, Lies of P injeta um tom mais sombrio na história de Pinóquio e apesar de também aqui ser perceptível que a equipa procurou uma atmosfera hostil e caótica como em Bloodborne, com o jogador a despertar numa cidade desolada, a Round8 consegue algo com apelo e capaz de te prender. Especialmente porque a narrativa é um fio condutor para os níveis, bosses e conversas inesperadas entre personagens de suporte.

Gameplay e design

Lies of P é um Action RPG Souslike, o que significa que não podes martelar botões pois o vigor de Pinóquio esgota-se e ficas à mercê dos ataques. Como é de esperar, qualquer inimigo pode ser a tua ruína e isso exige estratégia, uma leitura cuidada dos padrões de ataque dos vários inimigos e a melhor das respostas possíveis, seja suster o golpe ou desviar. É aquele cruel equilíbrio entre risco e recompensa, quanto mais arriscas mais próximo ficas da destruição, mas talvez consigas finalmente vencer o inimigo.

A Round8 copia o gameplay de Bloodborne quase ao nível do plágio e se por um lado isso significa pouca originalmente no gameplay, pelo outro significa algo de bom e já comprovado, altamente aclamado. Atacar com armas de peso variável que afetam o desgaste de vigor, decidir quais os inimigos enfrentar e os que é melhor evitar, progredir pelos cenários com cautela pois o perigo está sempre à espreita e faz parte da experiência, mas é fácil perceber que o estúdio focou-se em pedir emprestadas ideias.

No Hotel Krat, a base para onde tens sempre de efetuar viagem rápida se quiseres subir de nível ou melhorar armas, é a casa para vários NPCs de suporte que te permitem desbloquear novas habilidades, melhorar e modificar armas ou obter novas habilidades. É aborrecido a viagem constante entre o Hotel e onde te encontras, mas é necessário para melhorar Pinóquio e aumentar a probabilidade de vencer o boss.

Através da personalização de armas, cabos e braço metálico de Pinóquio, consegues uma grande lista de possibilidades para te adequares melhor ao desafio. Será necessário trocar frequentemente de braço ou equipar uma arma com um atributo especial para causar dano extra aos inimigos. É um belo toque que torna o gameplay mais profundo.

Algo a ter em conta é que Lies of P é um jogo com design de níveis relativamente simples e linear. Na segunda metade, a Round8 mostra mais engenho, arrisca mais e consegue melhores resultados, que torna aquela euforia de alcançar um novo atalho muito mais presente, mas na primeira metade pouco conseguirá deslumbrar.

O mesmo poderá ser dito da dificuldade, Lies of P não é um jogo especialmente difícil e apesar daquele pânico do risco vs recompensa estar presente, somente em alguns bosses sentirás um bom desafio. A Round8 também não se poupou a copiar os clichés da Fromsoftware, como pedras que rolam colinas abaixo para te apanhar desprevenido ou inimigos que surgem nas tuas contas vindos do nada.

A maioria dos bosses foi despachada na terceira ou quarta tentativa, sem farm de XP para subir de nível e aumentar atributos, e somente alguns foram um desafio a sério. A XP (Ergo) que ganhas fica à porta da sala onde está o boss e podes ir lá facilmente recuperá-la, o que tira esse elemento de stress à experiência. Além disso, podes invocar um Espectro para te ajudar e através de cubos que podes equipar, melhorar o seu potencial e obter uma boa ajuda.

Gráficos

Desenvolvido com o Unreal Engine 4, Lies of P transporta-te para a Belle Époque com um belo efeito. O motor da Epic é usado para alcançar iluminação de grande qualidade e apesar do design linear contar com muitos locais mais simples, no geral tens imensos momentos e paisagens que te vão fazer parar para capturar o momento.

Existe uma incrível quantidade de detalhe nos cenários, nos modelos dos NPCs e nos inimigos, capaz de criar forte imersão. O modo desempenho a 60fps permite desfrutar de forte fluidez e a qualidade visual permanece muito atrativa. Cafés abandonados, cinemas desolados, vestígios de destruição e sangue em montras de lojas, fábricas vazias e galerias de lojas em escombros, são alguns dos locais por onde vais passar e sentir que a Belle Époque foi capturada na perfeição como palco para eventos sinistros.

Image credit: Neowiz/Eurogamer Portugal

Som

Lies of P é realmente mais um projeto a evidenciar o desejo das companhias coreanas em colocar o seu nome no panorama global. Após os esforços chineses em jogos como Genshin Impact, começamos agora a ver a Coreia à procura da conquista mundial e a revelar níveis de qualidade inesperados, capazes de rivalizar com os mais conceituados estúdios.

Digo isto pois Lies of P revela um forte cuidado nas suas componentes e se a qualidade visual contribui imenso para uma boa atmosfera, capaz de criar imersão, o elemento sonoro também faz muito por isso. Jogar Lies of P com um bom sistema de som ou headset significa um envolvimento superior, com o som a vir de várias direções e os ruídos das criaturas a criar intensidade.

Após jogar a parte inicial de Lies of P com o som da TV, decidi colocar os headset e a experiência engrandeceu. Além de uma banda sonora com bons momentos, a atmosfera dos locais ganha imenso com a ajuda do áudio e até cheguei a sentir desconforto em alguns locais, graças a este elemento.

Eugogamer

Conclusão

Lies of P é um jogo capaz de conquistar os maiores adeptos dos jogos de ação masoquista, mas exigirá alguma paciência. O seu design linear combinado com a relativa falta de dificuldade, apenas existente em algumas boss fights, evidencia a falta de pedigree desta equipa coreana, mas é um primeiro esforço com pontos interessantes. Na segunda metade, Lies of P dá um melhor ar de graciosidade e engenho, o que nos deixam empolgados com o futuro desta equipe.

Prós:Contras:
  • Boa qualidade visual
  • Action RPG que recria o gameplay de Bloodborne
  • Forte personalização de armas e braços mecânicos
  • Boa atmosfera alcançada com a qualidade gráfica e sonora
  • Imensos segredos para descobrir
  • Na segunda metade, o design de níveis é ligeiramente mais arrojado
  • Design linear de níveis
  • Não sentirás que os níveis estão desenhados como uma forma de te testar
  • Fora algumas boss fights, a dificuldade talvez seja demasiado acessível para os maiores fãs do género

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