As regras estão a mudar, a natureza do design de consolas está a evoluir radicalmente e as concepções que temos sobre as limitações do desig...
As regras estão a mudar, a natureza do design de consolas está a evoluir radicalmente e as concepções que temos sobre as limitações do design na construção de uma nova máquina de jogos precisam ser reavaliadas. A Microsoft revelou o Xbox Series X e a sua monolítica caixa que tem quase o dobro do volume de um Xbox One X e o que isso significa para a performance é entusiasmante. Está mesmo a caminho um verdadeiro salto de gerações no poder, mas entregar isto exigiu uma reavaliação das fundações principais do atual design de consoles.
Tradicionalmente, o design dos consoles de jogos é definido por uma pequena caixa para colocar na sala e que se coloca facilmente no móvel. As dimensões variaram de geração para geração, mas a natureza do seu formato não, até agora. Ao criar o Xbox Series X, o equilíbrio mudou. Na sua cobertura à revelação com o GameSpot, a Microsoft diz-nos para fazer as contas, a Series X tem oito vezes mais poder que uma Xbox One e duas vezes o poder de uma X, mas o desafio para alcançar isso num produto que chega 3 anos após o Scorpio Project é significativo.
Parte do problema é que a tecnologia de fabrico do processador não aumentou de acordo com as ambições da Microsoft. Presumindo que é uma imagem real, o chip de 7nm que vimos na E3 tem basicamente o mesmo tamanho físico que o chip de 16nm visto na X, talvez um pouco maior. A densidade dos transístores provavelmente não duplicou, o que significa que a rota principal para mais poder é a frequência, muita. Aumentar a velocidade dos relógios dá-te mais performance e mais valor do silício, mas quanto mais puxas, mais poder será necessário. E quanto mais poder precisas, mais calor produz, exigindo inovação na dissipação térmica.
Quase de certeza que é por isso que o Xbox Series X é tão grande. Não espero um grande diferença no tamanho da placa principal ou dos componentes que foram colocados nela, quando comparado com o Xbox One X. O que espero é um grande aumento no consumo de energia e uma grande melhoria na solução de arrefecimento para conseguir gerir temperaturas exigentes. Baseado no tipo de consumo energético visto nas mais recentes GPUs PC da AMD, baseadas na mesma tecnologia, ficaria surpreso se a Xbox Series X não consumir o dobro da energia de um Xbox One X.
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Tudo isto ao serviço do que a Microsoft acredita ser a mais poderoso console da próxima geração. Anteriormente conhecida como Anaconda (como parte do Projeto Scarlett), o objectivo foi sempre alcançar o dobro da proeza da X com 12 teraflops de performance computacional, um alvo interno. A Microsoft olha para a liderança na performance como algo crucialmente importante para os jogadores dedicados, o Xbox One X e até mesmo o PS4 Pro, foram testes de sucesso para estabelecer que jogadores dedicados vão pagar mais por uma experiência superior.
A Microsoft tem outra coisa na manga, o console Scarlett de 4TF menos poderoso, conhecido como Lockhart, da qual não fala, mas que não foi cancelado, segundo sabemos. O Lockhart parece fraca no papel e existem óbvias limitações, mas foi desenvolvida porque poder e performance do maior nível significam um elevado preço, sendo necessário um produto para as massas. Uma Series S? Acredito que chegará ao mercado dependendo do preço e performance do PlayStation 5. Mesmo um console de nova geração mais fraca terá um preço significativo.
Atualmente, o foco está todo na Series X e ainda existe alguma ambiguidade sobre o quão capaz é o console. Se fizermos as contas, apenas pelos teraflops em si, o novo console é mesmo uma máquina de 12tf, baseado nas comparações ditas pela Microsoft com o Xbox One e X. No entanto, se estamos a lidar com cargas de performance iguais, as melhorias na arquitetura Navi entregam mais performance por teraflop do que a anterior tecnologia GCN e os nossos testes sugerem que uma GPU Navi de 9 a 10TF pode fornecer o dobro da performance sobre o Xbox One X, mesmo antes de contabilizarmos outras novas funcionalidades da arquitetura.
Quando pedi esclarecimentos à Microsoft sobre as comparações e multiplicações da atual geração com o Series X, a companhia não prestou declarações sobre valores precisos. No entanto, as nossas informações dizem que a GPU tem mesmo 12TF e fontes bem posicionadas do Windows Central reforçam isso. As implicações são espantosas pois baseado na imagem do processador vista na E3 combinada com o tamanho da caixa, mesmo com 2.0GHz, seriam precisas 48 unidades computacionais para cumprir a tarefa, um aumento de 20% sobre a Radeon 5700 XT, a GPU Navi mais poderosa. E esse número de 48 UC não inclui redundâncias, pois são esperadas 4 UC desativadas para aumentar o ritmo na linha de produção. A Microsoft surpreendeu-nos anteriormente na forma como entregou uma GPU de 6TF na Xbox One X e estou ansioso por descobrir similares inovações na Series X.
Estou verdadeiramente ansioso para ver a configuração final escolhida pela Microsoft. Dois dos principais aspectos da constituição do sistema estão a ser levados além do que atualmente sabemos serem os limites razoáveis do design de consoles, 12TF sugere um processador ao nível dos maiores vistos da AMD para console, talvez maior e isto poderá ser um incrível feito, alcançado através do processo de fabrico 7nm.
Também poderia sugerir frequências muito superiores às que temos nas GPU AMD Navi, o que reverte a situação sobre as atuais consoles, que correm com frequências inferiores às das equivalentes peças PC. Aumentar o tamanho e frequência força inevitavelmente maior consumo energético além do que já vimos numa consola caseira. As nossas medidas para o PS3 de primeira geração estão no topo das tabelas de consumo com 209W durante gameplay. Baseado no que sabemos das GPUs Navi através da existente série Radeon RX 5700, aparentemente menos poderosa, sem falar na caixa da Series X, não ficaria surpreso em ver o console ultrapassar os 300W. Com isto em mente, as declarações da Microsoft que o perfil acústico é similar ao do Xbox One X são muito bem-vindas.
Existem mais pistas sobre a performance da Series X e talvez sejam uma tentativa da Microsoft em demonstrar uma diferença entre o seu console e as futuras rivais. A companhia descreve uma tecnologia "VRS patenteada", VRS significa variable rate shading. A ideia desta tecnologia é simples: porque é que cada área do ecrã deve receber o mesmo nível de precisão na sua renderização quando a percepção humana em si está longe de ser perfeita? Áreas de baixo contraste ou cenas repletas de motion blur podem ser renderizadas com menor eficácia e nem perceberias a diferença.
A VRS já está implementada a nível de hardware nas GPUs Turing da Nvidia e é suportado por Wolfenstein: The New Colossus e Wolfenstein: Youngblood, onde, dependendo das tuas definições, poderás ter ganhos de 10 a 15% na performance. É uma boa combinação para a direção que a renderização em tempo real está a seguir, onde a tecnologia e direção artística se estão a aproximar do aspecto cinematográfico, um bom par para a VRS. Mais uma vez, a métrica dos teraflops não equivale a performance real e devemos ter em conta os ganhos entregues pela arquitetura superior e ainda os da VRS. Os vendedores de consoles têm acesso a futuras tecnologias da AMD e isto poderá ser apenas a ponta do icebergue, a ray-tracing acelerada pelo hardware está confirmada, mas ainda podem existir surpresas.
Até que ponto a VRS poderá ser uma vantagem sobre o PlayStation 5 ainda é incerto, apesar da Microsoft afirmar que é uma tecnologia patenteada. A versão Xbox da VRS muito provavelmente é baseada na futura implementação DX12 desenhada para hardware PC compatível. No entanto, até que ponto qualquer patente pode bloquear uma concorrente é desconhecido. A VRS não é exclusiva da Microsoft pois a Nvidia já tem hardware compatível que corre em dois jogos que usam a API Vulkan. Assim sendo, isto demonstra que a VRS não é exclusiva do DX12. Teremos de esperar por mais da Microsoft para ver como isto corre e o mesmo se pode dizer das tecnologias partilhadas pela companhia, como Dynamic Input Latency, mencionada sem muitas explicações além do que o nome sugere (a descrição relembra a anti-lag da AMD.
Também foram partilhados outros detalhes, a maioria deles já conhecidos. Foi confirmada oficialmente a memória GDDR6, basicamente um segredo em aberto; o trailer da Scarlett na E3 2019 mostrou módulos G6 ao lado do processador principal. A quantia de memória não foi confirmada na recente revelação e o vídeo da E3 parecia esforçar-se para introduzir alguma ambiguidade. O número de 16GB do Windows Central parece muito provável, mas o vídeo da E3 apresenta módulos G6 de diversas capacidades para tornar tudo menos óbvio.
Um máximo de 8K e um limite de 120Hz também foram confirmados. É provável que certos jogos coloquem o alvo nos 120fps na Series X, posicionado bem os consoles para jogos multi-jogador altamente competitivos e tornando-os numa escolha aceitável para fãs PC de eSports. Poderão existir jogos que tentam correr a 8K nativa, mas esperamos que os estúdios escolham diversas resoluções ou continuem a apoiar as tecnologias de resolução dinâmicas. Como já dissemos, as tecnologias como temporal super-sampling tornam o conceito de correr na resolução nativa dos ecrãs uma prioridade muito menor do que era para as atuais máquinas em 2013. Também temos de ter em conta que as GPUs de próxima geração vão entregar mais poder através do uso de "upscaling inteligente', produzindo melhores resultados. As funcionalidades que a máquina pode aprender também serão cruciais
A última especificação fornecida é importante e algo novo. Sabíamos que a tecnologia de armazenamento solid-state estaria no novo Xbox, mas não sabíamos como ia ser implementada. Seria uma solução personalizada para a melhor das performances? Isso implicaria módulos SSD integrados diretamente na placa principal. A realidade é o uso do padrão NVMe para PC na Xbox series X, para uma melhoria até 40x na velocidade, diz Phil Spencer.
Presumindo que a comparação é feita com a largura de banda existente no disco rígido da Xbox One, temos 40MB/s para um aumento na largura de banda aproximado de 1.6GB/s na Series X, número que aumentaria para 2.4GB/s se a comparação foi feita com os 60MB/s da Xbox One X. Combina isso com a remoção total dos tempos de procura (não existe cabeça física a movimentar-se no disco) e devemos ter mesmo a eliminação dos loadings. A este respeito, as consolas parecem prontas para voltar às origens e esperamos que se aproximem do conceito original e ligar e jogar.
Para confirmar que a NVMe tem mais benefícios é que a rota está aberta para armazenamento aumentado pelo utilizador sem comprometer a performance. Apesar dos SSDs serem caros, os preços estão a cair. Existe espaço na Xbox Series X para adicionar discos NVMe adicionais e a questão é se teremos discos extra oficiais da Microsoft ou se os discos NVMe tradicionais vão funcionar. A segunda opção oferecer flexibilidade e potencialmente, menor custo para o utilizador, mas também introduz a possibilidade de discos de menor qualidade não igualarem as especificações dos SSD padrão, o que poderá causar problemas. ainda assim, é uma boa notícia: os discos padrão da Series X têm uma performance soberba e a porta está aberta para expandir o armazenamento.
Ainda estamos a um ano do lançamento e estão muitas questões por responder. O preço é uma delas. O tamanho do processador da Series X representa um custo significativo por si só e isso antes de pensar nas outras peças caras, tais como SSD, memória GDDR6 e uma solução de arrefecimento provavelmente inovadora e cara. Na verdade, o simples aumento da caixa em si aumenta o fabrico e custos de envio. O senso comum é que um console equilibra preço contra performance com inevitáveis compromissos, mas temos fortes sugestões que a Series X subverte isto, com um foco maior em tecnologia de tipo numa caixa o mais próxima de um console possível. Phil Spencer afirmou que não sacrificaram poder em nome do design.
Isso será verdade para a Series X. Apesar de não se ter traduzido numa grande mudança no volume de vendas, a companhia beneficiou imenso enquanto líder nas especificações com o Xbox One X e o fato de jogos importantes como Red Dead Redemption 2 oferecerem a melhor experiência no console da Microsoft tem imenso valor. É quase uma fonte contínua de boas relações públicas, mas a liderança tem um custo, a X era 100€ mais cara do que o PS4 Pro no lançamento. Spencer descartou a situação do Xbox One, cobrar mais do que a concorrente por uma máquina menos poderosa, mas acho difícil acreditar que a Series X custará menos de 499€, tendo em conta os custos de fabrico. Mas também não a imagino mais cara do que a PlayStation 3 no seu desastroso lançamento a 599€.
A realidade é que teremos dois consoles de próxima geração no Natal de 2020 e os preços poderão ser ajustados, os bundles serão apresentados e os valores podem ser ajustados. Ambas os donos de consoles vão entrar na batalha sabendo que os 399€ é o ponto perfeito para os consumidores, mas tomar a decisão de um verdadeiro salto de gerações na performance será difícil alcançar sem pedir mais dinheiro. A questão é, quem vai pagar por isso: os jogadores ou os donas dos consoles ao perder dinheiro em cada unidade vendida? Entretanto, existe uma mensagem principal que penso ser de crucial importância e capaz de alegrar a audiência do Digital Foundry. O PS4 e o Xbox One foram lançadas numa era em que o futuro dos consoles estava em dúvida e quando os grandes investimentos vistos na geração PS3 e Xbox 360 não podiam ser repetidos. Após uma geração prolongada e castigadora, a Microsoft e a Sony entregaram designs conversadores com óbvios compromissos. Todos os sinais vistos da Series X apontam para um regresso ao tipo de estilo visto na revelação do PS3 e Xbox 360, com um genuíno desejo de alcançar a máxima qualidade.
Com isto em mente, a Series X e quase certamente o PS5, são construídas com base no otimismo e confiança. Não existe compromisso na performance CPU no design de próxima geração; teremos uma versão personalizada de uma componente PC de alta qualidade. Entretanto, a GPU do PS5 ainda está envolta em mistério, mas se os rumores são verdadeiros para a Series X, a Microsoft desenvolveu uma GPU de console que tem melhor performance e mais funcionalidades do que qualquer peça Navi lançada pela AMD em 2019. O teu próxima console será muito maior que a atual e deverá custar mais do que esperas, mas colocar este nível de poder numa máquina de jogos mainstream é altamente entusiasmante. Foram alcançados milagres tecnológicos com as máquinas de atual geração, apesar das suas limitações, e as possibilidades apresentadas pelas seus sucessores deixam-nos a salivar.
Fonte: Eurogamer
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